A vida dessa “mulher-guerreira” vale a pena ser conhecida, até mesmo por aqueles que não são fãs das suas músicas.
Esse post é sobre o livro de Tina e não de Ike, por isso, vamos ao que interessa. A orelha de “Eu, Tina – A História de Minha Vida” já dá uma noção do conteúdo emocionante da obra aos leitores. Kurt Loder que co-escreveu o livro com Tina, afirma que a história da cantora é difícil de esquecer. E realmente ele tem toda a razão.
Numa linguagem simples e objetiva, o leitor fica sabendo como uma adolescente magrela, desengonçada e cheia de rebeldia, invadiu o palco onde Ike se apresentava e o convenceu a contratá-la para vocalista de sua banda de blues conhecida como “Os Reis do Ritmo”. Após contratá-la, Ike já deixaria evidente a sua personalidade dominadora, ao trocar o nome de Ana Mae Bullock para Tina Turner, sem ao menos consultá-la.
O livro conta ainda detalhes da infância sofrida de Tina que se sentia rejeitada pelos próprios pais Richard e Zelda. Kurt Loder revela que os pais da cantora viviam brigando e no espaço dessas brigas, eles encontravam espaço apenas para Aline, irmã mais velha da cantora. Para Anna Mae , no entanto, havia pouca intimidade, pouco amor e pouca atenção; apenas uma tolerância relutante. A explicação seria a infelicidade de Ana Mae ter sido a última e indesejável filha de um casamento que estava naufragando.
Ao ser abandonada pelos pais que se mudaram para uma outra cidade em busca de emprego, Tina passou a viver na casa de alguns parentes de Richard e Zelda e foi nesse período que conheceu Margareth, sua melhor amiga. A amizade sincera duraria pouco, já que Margareth... bem chega, chega... É que me empolguei tanto com o livro que no momento em que percebo já estou fazendo spoiler no post.
As agressões sofridas e narradas por Tina chegam a causar náuseas. Segundo a versão da cantora, o seu ex-marido havia se acostumado a se abusar dela e humilhá-la durante 16 anos, o que a teria levado a uma tentativa de suicídio em 1968. Ike teria quebrado suas costelas, jogado café quente em sua cara, a queimado com um cigarro e socado o seu nariz com tanta frequência que a obrigou a fazer uma cirurgia. Quando passava os acessos de fúria de Ike, quase sempre causados pelo consumo de drogas, ele procurava a mulher se dizendo arrependido, mas logo depois, as sessões de espancamentos e de torturas físicas e psicológicas se repetiam.
Quando a barra apertou, Tina decidiu deixar de ser submissa e simplesmente abandonou Ike com apenas 36 cents no bolso. Como ela foi embora no meio de uma excursão, teve de assumir milhares de dólares em dívidas. Ela conta em detalhes o que teve de fazer para conseguir pagar essa dívida astronômica, além da luta nos tribunais para que pudesse manter o sobrenome Turner, já que Ike queria que a ex-esposa abdicasse dele.
Mas nem tudo é tragédia, sofrimento e espancamento no livro. Há também os momentos áureos vividos pela dupla Ike e Tina que iniciaram sua carreira de sucesso com "A fool in Love”, além de terem aberto uma turnê dos Rolling Stones.
E como não poderia deixar de ser, a obra aborda também o período de sucesso de Tina na fase pós-separação de Ike, ou seja, como ela conseguiu consolidar a sua carreira de cantora, tornando-se uma das musas mais famosas do pop-rock, graças ao sucesso What's love got to do with it" que venceu os Grammy de Musica e Gravação de 1985.
Aqueles que se interessarem, poderão encontrar “Eu, Tina – A História de Minha Vida” apenas nos sebos, já que a obra lançada em 1987 encontra-se esgotada. Ah! Antes que me esqueça, o livro se tornou um filme famoso em 1993 tendo nos papéis principais Ângela Bassett (Tina Turner) e Laurence Fishburne (Ike Turner)
Postado por José Antônio (Jam) em seu
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