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terça-feira, 27 de abril de 2010

Calcinha de açucar



A moça era doce.
A moça era gentil
Sempre: por favor, obrigada, desculpe incomodar, desculpe entrar...
A moça concordava sempre
A moça nunca era inconveniente, aceitava tudo.

Aconteceu que, começaram a abusar, a usar, a exigir, a jogar nas costas da coitada, faça isso, faça aquilo...
- Tão boazinha, com certeza vai ajudar!

Um dia a moça acordou com o pé esquerdo.
Um dia deu-se a metamorfose...
A moça percebeu bem a real intenção das criaturas a sua volta.
A moça ficou esperta.

Entre a mansidão e a constatação
Entre a doçura (que era) e o cítrico
Entre a menina e a mulher...

Dosou um ponto do meio
Se equilibrou e finalmente se fortificou...

Nasceu uma nova mulher, doce, porém, decidida a lutar por seus ideais e a não deixar que a fizessem de tola.

Hoje, calcinha de açucar, ocupa um novo posto, sonha mais alto ainda, deu uma guinada na vida.
Está vencendo com dignidade.
Essa menina vai longe...
Lica Amorim