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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Oprah Winfrey: "Querer é poder"



Oprah Winfrey: "Querer é poder"
Saiba como a garota pobre transformou-se na apresentadora de maior sucesso da TV americana e na personalidade feminina mais influente do planeta

ALLEX COLONTONIO
FOTOS: RPN
Estrela do talk show de maior audiência na história da televisão mundial, a apresentadora Oprah Winfrey, de 51 anos, foi uma menina pobre, gorducha e rejeitada, que resolveu enfrentar o destino com muitos sonhos na cabeça e nenhum centavo no bolso. Conseguiu. Terceira celebridade mais rica do mundo (perde apenas para o ator Mel Gibson e o jogador de golfe Tiger Woods), é considerada uma das personalidades mais influentes do século 20, ao lado de Martin Luther King, Charlie Chaplin e Picasso.
Uma espécie de diva da sociedade americana, seuThe Oprah Winfrey Show é o mais assistido do mundo (distribuído em mais de cem países, incluindo o Brasil) há mais de duas décadas. Tudo porque ela trata banalidades e temas polêmicos com a mesma emoção e envolvimento de quem bate um papo entre amigos. "Consigo me comunicar com tantas pessoas porque sou igual a todos e não faço segredo disso. Tive uma infância complicada, fui violentada, batalhei muito, relacionei-me com homens que me fizeram mal, vivo fazendo dieta e não tenho vergonha de declarar tudo pessoalmente", conta sem titubear.
CINDERELA DE ÉBANO
Oprah Gail Winfrey nasceu em 1954, em Kosciusko, Mississippi, Estados Unidos. A mãe, uma garota de 18 anos, engravidara casualmente do militar Vernon Winfrey. Tão logo se recuperou do parto, a jovem abandonou o bebê na porta da casa do amante e sumiu. Oprah foi criada com mãos de ferro pela avó paterna. Aos 3 anos era tão precoce que recitava versinhos na igreja e aprendeu a ler sozinha. Mas apesar de esperta e comunicativa, foi rejeitada por ser obesa e ter uma inteligência acima da média.Excluída, sem amigos, mãe e pai, e sem brinquedos, buscou alento nos livros e nos estudos da Bíblia. Entediada com a mesmice do jardim da infância, escreveu uma carta pedindo à professora para pular aquela etapa porque "não se sentia à vontade com as colegas da sua idade". Meses depois, a gordinha de pés descalços saltou da pré-escola à terceira série primária. "Sou o que sou porque era obrigada a ler todos os dias e me agarrei aos estudos", revela a dama da TV, que só usou o primeiro sapato aos 6 anos, quando foi morar com o pai.
Os números da estrela:
Fortuna pessoal - está avaliada em mais de US$ 1 bilhão.
Faturamento anual - em torno de US$ 700 milhões.
Prêmios: recebeu 39 Emmy Awards e pediu que seu nome fosse retirado das futuras indicações.
Sucesso da revista - O -The Oprah Magazine faturou mais de US$ 200 milhões em 2004. Atualmente, é uma das principais do segmento feminino.
No entanto, a severidade do militar e a volta repentina da mãe - que apareceu para buscá-la - assustaram a menina, que fugiu de casa e foi morar com uma tia. Lá, com apenas 9 anos, a estrela foi estuprada pelo primo, que passou a molestá-la a partir dali. Aos 14 anos, grávida e sem rumo, aceitou morar com a mãe. O bebê morreu uma semana depois do nascimento. Revoltada, passou a cometer pequenos furtos dentro de casa e foi mandada para um reformatório, de onde logo foi expulsa.
Sozinha, mas cheia de esperança, resolveu mudar o rumo de sua vida. Abraçou os estudos e ganhou uma bolsa num colégio particular freqüentado por jovens brancos e ricos. Atacada pelo preconceito, respondia às chacotas usando seus conhecimentos. Tornou-se popular pelas notas, a simpatia e a determinação. Nessa época, venceu um concurso cujo prêmio era visitar uma rádio local. Lá, os diretores se encantaram com a voz dela e deram-lhe uma chance.
"SOU O QUE SOU PORQUE ERA OBRIGADA A LER TODOS OS DIAS E ME AGARREI AOS ESTUDOS. DAÍ VEM A MINHA FORÇA"

DAMA DA COMUNICAÇÃO
Aos 17 anos, Oprah era repórter de rádio em Nashville e estudava Comunicação Social e Artes Performáticas. Indecisa entre o jornalismo e o teatro, dividia o tempo entre a rádio, a universidade e as aulas de interpretação. Talentosa, foi para a TV ser âncora de um noticiário e ficou conhecida como a primeira apresentadora negra a comandar um telejornal. Em 1976, passou a co-apresentadora de um quadro de entrevistas em Baltimore e formatou seu estilo de entrevistar.
Oprah com Eddie Murphy e Janet Jackson
Dez anos mais tarde, uma grande emissora convidou-a para salvar um programa de baixa audiência, o AM Chicago. Ela fez tanto sucesso que, em menos de um ano, o canal foi obrigado a mudar o nome da atração para The Oprah Winfrey Show e, atendendo a pedidos, teve que veiculá-la em rede nacional. Afinal, todos queriam saber quem era aquela negra bonita e inteligente que falava com a sabedoria de uma anciã e a cumplicidade de uma irmã.
Ganhadora de inúmeros prêmios, entre eles o Emmy de melhor apresentadora, a jornalista que amava atuar foi convidada por Steven Spielberg para participar de A Cor Púrpura. Talentosa, ela brilhou na pele da sofredora Sofia.
BATE-PAPO NO SOFÁ
Hoje, 20 anos depois, Oprah forma opiniões e fala o que lhe vem à cabeça. Num programa em que conversava com mulheres que tinham engravidado dos próprios pais, ficou tão furiosa ao entrevistar um dos criminosos que o chamou de verme. Em outra ocasião, viajou até a Geórgia para visitar Forsyth Country, uma cidade que não permitia a entrada de negros. Discutiu fervorosamente com os envolvidos e sua reportagem desencadeou manifestos anti-segregacionistas no mundo inteiro. Meses depois, um especial sobre a Ku Klux Klan impulsionou a luta pelos direitos civis nos anos 90. "Não posso mudar as pessoas, mas posso expô-las ao que de fato são."
Com a mesma desenvoltura, recebeu Michael Jackson em seu sofá e perguntou se o astro era virgem. Também indagou se Whitney Houston apanhava do marido e como Hillary Clinton se sentia com a traição do então presidente Bill Clinton. Com exceção de Jackson, todos abriram o coração. Whitney disse que era ela quem batia no marido e a primeira- dama considerou o caso de Clinton uma fraqueza. Mas não são apenas os convidados que fazem revelações no talk show, a apresentadora também. Durante um debate sobre drogas, por exemplo, ela contou que foi viciada em craque. Em outro episódio, confidenciou comer compulsivamente e que certa vez devorou 12 hot-dogs de uma vez.
Noiva do empresário Stedman Graham, a todo-poderosa da TV é capaz de manipular a sociedade americana com uma simples frase. Basta comentar que gostou de determinado livro, para a obra esgotar no dia seguinte. Durante a "crise da vaca louca" nos anos 90, disse que tinha medo de comer carne bovina contaminada e que passaria a consumir só frango. Milhares de americanos deixaram de comprar hambúrgueres, que empacaram nas lanchonetes fazendo a indústria do gado mover um processo contra Oprah, que ganhou a causa.
CURIOSIDADES DA DIVA
O nome Oprah vem do hebraico e significa refugiada.
Batizado de Harpo (Oprah escrito ao contrário), o império da apresentadora inclui uma produtora de televisão, uma de cinema, uma editora, um portal na Internet e um canal de TV a cabo.
Em 1993, ela conseguiu que o presidente Bill Clinton assinasse a lei Oprah Bill, que visa proteger crianças vítimas de abuso infantil.
Criou a Angel Network para promover a responsabilidade social, além de uma Academia de Liderança na África do Sul, que visa treinar mulheres sul-africanas para o mercado de trabalho.
Seu Clube do Livro, com obras selecionadas a dedo por ela, é reconhecido pelo suporte ao universo literário.
Depois de dizer que o clássico Anna Karenina, de Leon Tolstoi, era um de seus favoritos, quase dois milhões de cópias foram encomendadas para suprir a demanda que antes era de dez mil exemplares.
Pretende licenciar o próprio nome e converter o dinheiro às causas sociais.
Preocupada com a obesidade dos americanos, incentivou seu público a mudar os hábitos alimentares e a praticar exercícios. Emagreceu mais de 20 quilos, inscreveu-se em uma maratona pública e venceu a corrida.
texto retirado da revista Raça Brasil / edição 87

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