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domingo, 9 de outubro de 2011

A JOVEM MÃE DE BARACK OBAMA...ela fez toda a diferença na vida dele!

Relação com a mãe moldou personalidade de Barack Obama

Stanley Ann Dunham Soetoro alimentava grandes expectativas quanto a seus filhos.
Senador a credita por ter lhe dado educação e confiança para fazer escolhas.
Do 'New York Times'

Na versão resumida da vida de Barack Obama, sua mãe é apenas a mulher branca do Kansas. A frase vem acompanhada de maneira aliterativa com seu complemento, o pai negro do Quênia. Durante a campanha, ele a chamou de “a mãe solteira”. Mas nenhuma das descrições sequer começa a expressar o que é a vida de Stanley Ann Dunham Soetoro, aquela que mais moldou a vida de Obama.


Foto: New York Times
Stanley Ann Dunham Soetoro com seu filho, Barack Obama, no Havaí (Foto: New York Times)
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O Kansas era apenas uma estação de passagem em sua infância, enquanto seu pai, vendedor de móveis, passava por ali se movendo em direção ao Oeste. No Havaí, ela se casou com um estudante africano aos 18 anos de idade. Então casou-se com um indonésio, se mudou para Jacarta, se tornou antropóloga, escreveu uma dissertação de 800 páginas sobre os ferreiros camponeses de Java, trabalhou na Fundação Ford e defendeu o trabalho da mulher, ajudando a trazer micro-crédito aos pobres.

Ela alimentava grandes expectativas quanto a seus filhos. Na Indonésia, ela acordava o garoto às 4h para cursos por correspondência em inglês antes da escola, Ela trazia para casa discos de Mahalia Jackson e discursos do Reverendo Martin Luther King Jr.

Quando Obama pediu pra ficar no Havaí para fazer o colegial em vez de voltar à Ásia, ela aceitou viver longe dele – uma decisão que sua filha afirma que foi uma das mais difíceis na vida de sua mãe. “Ela sentiu que de alguma maneira estava se aventurando por território desconhecido, onde se pode tropeçar em algo que irá, num instante, representar quem somos em essência”, afirmou Maya Soetoro-Ng, meia irmã de Obama.

“Essa era sua filosofia de vida – não ficar limitada pelo medo causado pro definições estreitas, não se cercar de muros e fazer o máximo para encontrar comunhão e beleza em lugares inesperados.”

  Criação
Soetoro, que morreu de câncer no ovário em 1995, foi quem criou Obama, o senador de Illinois candidato à nomeação presidencial democrata. Ele mal viu seu pai depois dos 2 anos de idade.

Mesmo que seja impossível determinar com certeza a influência de um dos pais numa criança depois que ela cresce, as pessoas afirmam que a influência de Soetoro sobre Obama é inegável. Eles eram próximos, segundo seus amigos e sua meia-irmã, apesar de passarem a maior parte de suas vidas separados por oceanos e continentes. Ele não estaria onde está hoje em dia se não fosse por ela.

Ainda assim, ele também fez algumas escolhas diferentes – casar com alguém de uma família afro-americana com origens fortemente ancoradas no lado Sul de Chicago, se tornar um cristão freqüentador da igreja e publicamente narrar sua busca de identidade como homem negro.
“Eu creio que se eu soubesse que ela não iria sobreviver à doença, eu escreveria um livro diferente – menos meditação sobre o pai ausente, mais celebração da mãe que era a única coisa constante me minha vida”, escreveu ele no prefácio de suas memórias, “Sonhos De Meu Pai”. Ele acrescentou “Eu sei que ela era a mais gentil, o espírito mais generoso que já conheci e o que existe de melhor em mim eu devo a ela”.

  Evocação
Numa campanha na qual o senador John McCain, possível nomeado republicano, utilizou à vontade sua mãe de 96 anos para responder às suspeitas de que ele talvez fosse uma antigüidade aos 71 anos, Obama, que declinou de ser entrevistado para esta matéria, evoca a memória de sua mãe com parcimônia.

Num comercial de televisão, ela parece rapidamente – com pele de porcelana, cabelos negros e segurando seu filho ainda pequeno . “Minha mãe morreu de câncer aos 53 anos”, afirma ele no anúncio, que tem como foco a saúde pública. “Naqueles meses dolorosos, ela estava mais preocupada em pagar suas contas do que em melhorar”.

Ele a descreve como uma mãe adolescente, mãe solteira que trabalhava, ia pra escola e criava seus filhos ao mesmo tempo. Ele deu crédito a ela por ter lhe dado uma excelente educação e confiança em sua habilidade de fazer a coisa certa. Mas, em entrevistas, amigos e colegas de Soetoro expuseram um lado dela que é menos conhecido.

“Ela pensava grande, muito grande”, afirmou Nancy Barry, ex-presidente do Banco Mundial de Mulheres, uma rede internacional para prover micro finanças, onde Soetoro trabalhou em Nova York no início dos anos 90. “Eu creio que ela não era ambiciosa no sentido pessoal. Eu acho que ela se importava com as questões fundamentais e acredito também que ela não tinha medo de falar a verdade para pessoas poderosas”.

  Avós
Seus pais eram do Kansas, sua mãe era de Augusta, seu pai de El Dorado, um lugar que Obama visitou numa das paradas de sua campanha em janeiro. Stanley Ann (seu pai queria um menino, por isso deu a ela seu próprio nome), nasceu numa base militar durante a Segunda Guerra Mundial. A família se mudou para a Califórnia, Kansas, Texas e Washington numa perseguição incansável por oportunidades até chegar a Honolulu em 1960.
Numa aula de russo na faculdade, ela conheceu o primeiro estudante negro da instituição, Barack Obama. Eles se casaram e tiveram um filho em agosto de 1961, numa era em que o casamento inter-racial era raro nos EUA. Seus pais ficaram chateados, Obama descobriu anos depois através de sua mãe, mas eles se adaptaram. “Eu fico meio em dúvida quanto às cosias que as pessoas de países estrangeiros me contam”, declarou a avó do senador numa entrevista há muitos anos. O casamento durou pouco.

Em 1963, Obama partiu para Harvard deixando sua esposa e filha. Ela então se casou com Lolo Soetoro, uma estudante indonésia. Quando ele foi convocado a voltar para casa em 1966, depois dos tumultos que envolveram a ascensão política de Suharto, Soetoro e o jovem Barack também foram.

  Escolhas
As escolhas dela não foram completamente surpreendentes, segundo diversos amigos de Soetoro do tempo do colégio. Eles se lembram dela como sendo inteligente, curiosa e de mente aberta. Ela nunca saia com “os rapazes de corte de cabelo militar”, declarou uma amiga, Susan Blake: “Ela tinha uma visão ampla de mundo, mesmo quando garotinha. Ela acreditava em acolher as diferenças, ao invés de seguir a visão etnocêntrica de excluir quem quer que fosse diferente dela. Era nessa direção que sua mente a levava.”

Seu segundo casamento acabou também, na década de 1970. Ela queria trabalhar, declarou um amigo, e Lolo Soetoro queria mais filhos. Ele se tornou americano, e ela, mais javanesa. “Há uma crença javanesa segundo a qual se você casa com alguém e não dá certo, você vai ficar doente”, declarou Alice G. Dewey, antropóloga e amiga. “É burrice continuar casado com aquela pessoa.”

Que ambas as uniões terminaram não necessita de maiores explicações, sugeriram alguns amigos. Soetoro continuou leal a ambos os amigos e encorajou seus filhos a se sentir ligados aos seus pais.

Em 1974, ela estava de volta a Honolulu, uma aluna de graduação criando Barack e Maya, nove anos mais nova que ele. Barack tinha uma bolsa de estudos na renomada escola preparatória de Punahou. Quando Soetoro decidiu voltar à Indonésia três anos depois para fazer pesquisa em campo, Barack decidiu não ir. “Eu duvidei do que a Indonésia teria a me oferecer e não queria ser novo mais uma vez”, escreveu ele em suas memórias. “Mais do que isso, eu tinha feito um acordo tácito com  meus avós: eu moraria com eles e eles me deixariam em paz contanto que eu mantivesse meus problemas só pra mim”.

  Luta interior
Durante esses anos, ele passou por uma “luta interior muito grande”. “Eu tentava levantar dinheiro para me criar como um homem negro nos EUA.” Soetoro-Ng se lembra situação delicada de sua mãe. “Ela queria que ele ficasse com ela”, declarou Soetoro-Ng. Mas, acrescentou, “Mesmo que tenha sido doloroso ficar separada dele pelos próximos quatro anos de colegial, ela reconheceu que isso talvez tenha sido a melhor cosia para ele. E ela teve que ira para a Indonésia na época.”

Aquele tempo que passaram separados foi difícil tanto para a mãe quanto para o filho. “Ela sentia a falta dele”, afirmou Georgia McCauley, que se tornou amiga de Soetoro em Jacarta. Barack passava os verões e Natais com sua mãe. Eles se comunicavam por carta e as dele eram ilustradas com desenhos. Seu primeiro assunto em qualquer conversa era sempre o filho, segundo suas amigas mulheres.

Quanto a ele, estava tendo dificuldades com questões como identidade racial, alienação e pertencer a um grupo. “Houve certas épocas em sua vida durante esses quatro anos em que ele poderia ter se beneficiado de um contato diário com ela”, afirmou Soetoro-Ng. Mas creio que ele se saiu bem.

  Indonésia
Fluente em indonésio, Soetoro se mudou com Maya primeiro para Yogyakarta, o centro do artesanato javanês. Tecelã na faculdade, ela estava fascinada com o que Soetoro-Ng chama de “belíssimas minúcias da vida”. O interesse a inspirou a estudar a produção da vila, o que acabou sendo a base para sua tese de doutorado em 1992. “Ela amava morar em Java”, afirmou Dewey, que se lembra de acompanhar Soetoro para uma vila em que eram produzidos trabalhos em metal. “As pessoas diziam: ´ Oi, como vai?´ Ela respondia: ´ Como vai sua esposa? Sua filha já teve o bebê?´Eles eram amigos. Então ela sacava seu caderno e dizia: ´ Quantos aqui têm eletricidade em casa? Estão tendo algum problema pra conseguir o ferro?´”

Ela se tornou consultora da Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA ao implementar um programa de crédito para a vila e depois conseguiu um representante do programa da Fundação Ford especializado em trabalho feminino. Mais tarde, ela foi consultora no Paquistão, então se juntou ao banco mais antigo da Indonésia para trabalhar no que ela descreve como o maior programa de micro-finanças auto-sustentáveis do mundo, criando serviços como crédito e poupança para os pobres.
Soetoro-Ng, que também se tronou antropóloga, se lembra das conversas com sua mãe sobre filosofia, livros e símbolos artesanais esotéricos da Indonésia. Num natal, na Indonésia, Soetoro encontrou uma árvore ressecada e a decorou com pimentas de chili verdes e vermelhas e com bolas de pipoca, “Ela nos proporcionou uma ampla compreensão do mundo”, afirmou sua filha. “Ela detestava preconceito. Ela era muito determinada a ser lembrada por uma vida de serviço a outros e acreditava que essa era a verdadeira medida da vida”.

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